UFERSA DISCUTE INTERDISCIPLINARIDADE NAS CIÊNCIAS AMBIENTAIS

Estudantes, professores e profissionais das mais diversas áreas tiveram a oportunidade de aprofundar os conhecimentos relativos as ciências ambientais e interdisciplinaridade. O tema abriu na manhã dessa quinta-feira, 27, a programação da I Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade, promovida pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido, por meio do Programa de Pós-Graduação em Ambiente, Tecnologia e Sociedade.

 O vice-reitor da Ufersa, professor Francisco Odolberto de Araújo, elogiou a iniciativa que é o primeiro evento promovido pelo referido Programa de Pós-Graduação. “São trabalhos com amplitude nas mais diversas áreas do conhecimento que se interligam demonstrando o potencial que a interdisciplinaridade oferece para o desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes”, afirmou o professor Odolberto.

Atualmente, o curso de Mestrado conta com 57 alunos matriculados, tendo 24 já defendido a dissertação. “Um curso que cumpre com seu papel com trabalhos relevantes na área de ambiente, tecnologia e sociedade, voltado, principalmente, para a área ambiental”, considerou a chefe do Departamento de Agrotecnologia e Ciências Ambientais, a professor Ludimilla Carvalho.

PALESTRA – A professora Maria do Carmo Sobral, da UFPE e da Capes, abordou o tema Ciências ambientais e interdisciplinaridade. Segundo ela, cabe à Universidade transformar o conhecimento comum (empírico), em ciência. “As informações locais, da população, devem ser transformadas em ciência”, observou. Os grandes desafios da ciência, revelou a professora Maria do Carmo, são impulsionados pelos grandes problemas do homem, estando, sobretudo, relacionados com a natureza. Como exemplo, citou, a questão energética, a comunicação e o transporte. “A ciência existe para propor alternativas para esses problemas que afligem grande parcela da população, principalmente, nos grandes centros urbanos”, considerou.

Segundo a professora convidada, o nomenclatura do mestrado – Ambiente, Tecnologia e Sociedade – “é por natureza interdisciplinar”, com amplo campo para a pesquisa. Maria do Carmo apontou ainda as duas faces da ciência que podem se voltar para o bem, de forma construtiva, ou para o mal, de forma destrutiva. O lado positivo, os produtos advindos com o avanço científico que contribuem para a redução das distâncias, melhora a qualidade de vida proporcionando maior longevidade e a geração de novos empregos. Por outro lado, a mesma ciência, quando usada de forma negativa, provoca a fragmentação e a mecanização, gera muita informação e pouca reflexão, além de provocar um distanciamento da sociedade, provocando a falta de uma “visão mais holística das situações”.

A professora acredita que o avanço da interdisciplinaridade passa pelo trabalho em grupo, um conjunto de opiniões, e não apenas de um ponto de vista isolado. “Precisamos aprender a ter uma reflexão crítica do que vemos e lemos”, pontuou, se referindo ao “copiar e colar”, bem comum nos trabalhos acadêmicos. Maria do Carmo aconselha aos iniciantes na pesquisa se aproximar da realidade da população. “É necessário um diálogo mais proximo com a sociedade”, opinou. A professora também criticou a departamentização na academia que por sua vez provoca a departamentização do próprio conhecimento. “Precisamos refletir conjuntamente para propor novas alternativas”, afirmou.

SOLUÇÃO – Para a professora grande parte dos desafios relacionados com os problemas ambientais perpassam pelos conhecidos Três Rs – Reduzir, Reaproveitar e Reciclar, citando como exemplo, o lixo e a água. “Continuamos criminosamente desperdiçando a água”, alertou. Enquanto no Brasil 40% da água tratada é desperdiçada, em Berlim, o percentual é de 12%. Para a professora, não devemos separar água, energia e agricultura, pois, estão intrinsicamente interligadas.

Segundo Maria do Carmo a interdisciplinaridade vem proporcionar uma ligação de conhecimentos, uma possibilidade de contribuição para a reintegração da ciência, de reintegração da ciência e a sociedade. “Nós, da Academia, temos a obrigação de ser interinstitucional, saber o que vem sendo feito, bem como os problemas enfrentados pelos demais órgãos que compõem a sociedade”, frisou. A professora considera que a Universidade ainda está muito longe das empresas e das cadeias produtivas.

Para os participantes do Seminário, a professora apresentou algumas atitudes para o trabalho interdisciplina, citando, por exemplo, a substituição da competição pela cooperação; o aprendizado com os erros; a ética, reconhecimento do outro, o respeito à diferença como base da lealdade; a reflexão da prática como base de autonomia individual e da cidadania e, por último, a reflexão para que e para quem serve o conhecimento?

A professora acredita que a atuação interdisciplinar passa pelo “querer trabalhar” num campo de pesquisa real, ou seja, voltado para a realidade da região. E segundo a professora Maria do Carmo, a região do semiárido brasileiro tem grande potencial. “O mundo científico internacional está de olho no semiárido”, revelou ao demonstrar o potencial científico da região para os discentes do Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade.

A I Semana em Ambiente, Tecnologia e Sociedade prossegue nessa sexta-feira, 28, com apresentações de trabalhos científicos no horário da manhã, das 8 às 11hs, no Auditório da Pós-Graduação e, a tarde, o encerramento com a palestra Desafios sobre interdisciplinaridade, com a professora Andrea Zanella, da Universidade Federal de Santa Catarina e Capes, no Auditório do CTARN, a partir das 14hs.

Da Assecom


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